TEDx
Pois bem, no começo do ano, os organizadores do TED lançaram um programa de licenciamento para pequenos grupos chamado TEDx, que tem por objetivo “replicar” em comunidades locais o formato e a proposta do evento principal, que é reunir pessoas que estão fazendo coisas diferentes/inovadoras num local e usar apresentações rápidas de 5 a 15 minutos como inspiração/incentivo para a troca de idéias.
A idéia faz todo o sentido por um lado, pois já que a intenção é espalhar idéias, delegar a mais grupos as tarefas de encontrar gente interessante e de organizar as reuniões escala melhor que apenas um evento central, anual e pago. Mas por outro lado, existe o risco de “cair em mãos erradas” vamos dizer assim, e baixar o nível e o prestígio do evento-pai, ja que não há como garantir que os grupos locais não irão simplesmente continuar fazendo as mesmas conferências de posers e gurus de sempre mas desta vez com um logo do TED endossando a palhaçada.
No geral, eu particularmente acho que vale o risco, pois na minha escala de valores um evento com palestrantes posers e gurus ainda é melhor que nada. Até porque o que vale mesmo nestas reuniões são os coffee breaks, não digo a comida ou a cerveja, mas as conversas.
TEDx SP: Processo seletivo
What the fuck! Esta foi minha reação ao ver que o critério para o convite era um processo seletivo com base num formulário do tipo feito por pessoas de RH, e não qualquer outra coisa, como ordem de chegada por exemplo. Quando digo que o formulário tem cara de teste de admissão de funcionário do Mc Donalds eu não estou exagerando. As perguntas eram: ”Se alguém fosse descrever vc, quais seriam as 3 maiores conquistas da sua vida?”, “O que vc tem a oferecer ao mundo hoje” e “O que vc acha que o Brasil tem a oferecer ao mundo?”.
Ok, vamos ver onde é que isso vai dar, pensei eu. Como é o primeiro, vale o benefício da dúvida. Fui lá e preenchi a ficha de inscrição. Não lembro as minhas respostas, mas sei que fui sincero e comecei minha resposta para o “O que vc acha que o Brasil tem a oferecer ao mundo?” com ”Além de asilo para criminosos internacionais?…”
Eu realmente acho que o Brasil, o país, não tem nada para oferecer ao mundo, acho que patriotismo é coisa de imbecis e tento manter o meu pessimismo/realismo em níveis saudáveis para não me iludir e cair nas armadilhas daqueles que prometem o “outro mundo possível”. O Brasil é só um monte de chão cheio de fronteiras arbitrárias, não existe uma identidade ou característica coletiva que possa ser oferecida ao mundo como exemplo de nada bom: o “jeitinho brasileiro”? a “lei do gerson”? o “quem não cola não sai da escola”? Enfim eu fico puto quando alguém usa exemplos individuais de pessoas esforçadas que trabalharam e conseguiram sucesso apesar de serem brasileiras como uma conquista do Brasil, ou da nossa cultura.
Muito bem, não fui aceito. Ou pelo menos, até o penúltimo dia de inscrições, quando umas 3 levas de convites ja haviam chegado por email para meio mundo, o meu, que me inscrevi logo no começo não havia chegado. Concluí (e posso muito bem estar errado quanto a isso) que minha ficha havia sido rejeitada.
Nada mais natural, meu estilo de redação é um pouco insensível e eu ingenuamente assumo que o leitor possui o que os gringos chamam de “thick-skin“ e que vai focar no conteúdo e nas ideias ao invés de se ofender com a forma que são apresentadas. Já me custou algumas potenciais amizades, mas infelizmente é a maneira mais honesta que consigo me expressar via texto.
Segunda tentativa
Como disse anteriormente, na minha escala de valores um evento que reune gente p/ coffee-breaks ainda é melhor que nada, independente dos palestrantes. E eu gosto muito de ir em eventos, acho interessante ver como as pessoas diferentes pensam e agem, gosto de ouvir sobre os projetos dos outros gosto de ouvir e também de argumentar cara-a-cara com outros seres humanos. A vida off-line é saudável.
Ou seja, eu tinha que ir, eu queria.
Fui então no último dia das inscrições e preenchi o formulário McDonalds novamente. Desta vez eu já sabia um pouco mais sobre os palestrantes e organizadores, e um pouco sobre o que eles procuravam. Consegui encaixar algumas palavras-chaves como ”meio-ambiente“, ”sustentabilidade“, “reciclagem” e “vegetariano” no texto. Joguei o jogo.
Pouco tempo depois recebi a confirmação por email, eu havia sido aceito. \o/
(continua…)
5 comentários:
hahahahah. Legal! A organização deve ter ficado com medo de vc!
Eu li num outro relato sobre o TEDxSP que o público foi meio homogêneo, todos muito jovens. Confirma?
Abcs!
haha. Eu parei nessa mesma pergunta: O que o Brasil tem para oferecer ao mundo. Não consegui achar uma resposta e acabei não me inscrevendo.
@ricardopoppi meu, não confirmo nem desconfirmo, p/ mim pareceu diversificado o suficiente. Não fiquei reparando na faixa etária, vi gente mais velha que eu e gente mais jovem também… :P
Entendi, pra ir no TEDx inscreva-se várias vezes, com respostas diferentes.
Dine, sim, infelizmente :(
Ou seja um eco-prafrentex paz e amor, amante dos bichinhos e da natureza, e inscreva-se apenas uma vez.
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