quinta-feira, maio 19, 2011

Firefox4 aceitável parte I - Como remover o tab-scroll



Depois de um inicio conturbado, época em que tornei o Chromium meu navegador principal, venho aos poucos voltando a usar o Firefox 4, mais especificamente o Aurora, que é um intermediário entre o estável e o nightly. Sou dependente de Firebug... o que posso fazer?

Minha principal crítica com relação ao Firefox 4 é o fato das abas por padrão terem um limite de tamanho mínimo muito grande, o que acaba ativando o tab-scroll muito cedo, eu ODEIO TABSCROLL, acho uma solução de UI escrota, por mim não deveria existir. Gosto de como o Chromium lida com isso, as abas simplesmente vão diminuindo de tamanho indefinidamente, não existe este cancer do tab-scroll.

Até o Firefox anterior (veja este meu post de 2006), isto era algo simples de resolver, bastava abrir a tela de preferencias about:config e diminuir o valor da preferencia browser.tabs.tabMinWidth para um número bem pequeno, tipo 12 ou 1.

Mas um infeliz resolveu que a preferencia não era importante e removeu a opção de alterar isto via about:config.

Por sorte, o mesmo infeliz depois de toda a controvérsia no bug foi lá e disponibilizou um addon para setar este tamanho mínimo de novo.

Eis a solução (não ideal a meu ver) para o problema: instalar o addon Custom Tab Width e configurar o mínimo para 1, C'est la vie!

Mas o workaround não resolve o problema maior: toda esta dor de cabeça só é necessária porque o Firefox 4 vem com defaults ruins… custava ter um tamanho mínimo de aba menor? Pois é, vote neste bug, quem sabe isso muda no futuro :)

continua…

sábado, abril 16, 2011

Café no apartamento novo (tomada de decisões)

Esta é uma tentativa de documentar um pouco do meu processo de tomada de decisões e por tabela também um pouco da minha personalidade, quero levantar material para referências futuras.

O Problema:



Coffee (making of)

Esta semana eu decidi que precisava tomar uma atitude quanto aos meus cafés da manhã. Gosto de tomar café em casa mas mudei de um apartamento com fogão para um sem fogão e consequentemente fiquei inabilitado de prosseguir com meu hábito de usar a chaleirinha de café — um presente da namorada que me atura ha 6 anos — para passar o café.

O material disponível:



Tenho um microondas, filtro de papel e pó de café em casa. Além disso, tenho uma cafeteira elétrica que foi do nosso falecido espaço de coworking, mas depois que o pote de vidro dela quebrou há mais de um ano nunca mais foi usada.

cafeteira!

As Alternativas:

1. Comprar um fogão.

Prós:

  • Fogão é um ítem de cozinha útil e eu precisarei de um em outras ocasiões no futuro independente do café de agora.
  • Gás independe da rede de energia, se houver um apagão eu consigo esquentar coisas (assumindo que não falte fósforo ou isqueiro)

Contras:

  • Ter que escolher um fogão. Fogão é uma compra rara, uma decisão que vai me acompanhar por anos, idealmente para o resto da vida. Tomar esta decisão com pressa e pensando apenas em resolver o problema imediato do café pode ser imprudência.
  • Ter que comprar um botijão de gás para acompanhar este fogão (o prédio novo não tem gás encanado).
  • Esperar a entrega do fogão.

2. Fazer o café com água fervida no microondas

Pró:

  • Eu tenho todos os ítens necessários.

Contras

3. Usar a cafeteira utilizando outro recipiente no lugar do pote de vidro quebrado

Pró:

  • Eu tenho todos os ítens necessários.

Contras:

  • É feio.
  • Ter que fazer uma gambiarra para manter o bico que goteja sempre aberto.

4. Repor o pote de vidro quebrado da cafeteira elétrica

Prós:

  • É socialmente aceitavel fazer café na cafeteira.
  • É prático/simples e mantém o café quente.
  • Permite grandes quantidades de café, da para receber amigos em casa.

Contras:

  • É difícil encontrar a peça de reposição no mercado.
  • A peça de reposição, se encontrada é cara (preço comparável a de uma cafeteira nova)
  • Café na cafeteira elétrica gasta muito pó (não sei fazer sair bom/forte sem desperdiçar)

5. Comprar uma cafeteira elétrica nova

Prós:

  • Todos os do ítem 4.
  • Se é que algum avanço tecnológico ainda é possível em algo tão simples quanto uma cafeteira elétrica, eu teria a chance de me beneficiar dele no caso de comprar uma cafeteira de nova geração.
  • Mais barato que comprar uma peça de reposição (somando preço + meu tempo)

Contras:

  • Parece um desperdício, já que a cafeteira antiga se tornará imediatamente sucata.
  • Assim como o ítem 1, é uma decisão que me acompanhará por anos. Escolher/decidir um modelo cansa, gasta energia, estressa.

6. Parar de tomar café da manhã (e da tarde) em casa

Prós:

  • Café da padaria é espresso
  • O ambiente da padaria é diferente, sair de vez em quando (para alguém que trabalha em casa) é bom.
  • A variedade de opcoes de comida na padaria beira o infinito.

Contras:

  • A preguiça de sair de casa pode diminuir a frequencia com que tomo café da manhã
  • É mais caro
  • Ter que admitir que foi derrotado, ou que é um derrotado

7. Comprar uma máquina de café espresso

Prós:

  • Espresso a hora que eu quiser!

Contras:

  • ver 1 e 5, decisão bla bla bla…
  • Assumir que eu perdi o foco e criei um problema novo (minha vida estava muito bem até agora sem espresso a hora que eu quiser) ao invés de resolver o problema original.

A solução (TL-DR):



Entendi que para o momento, a alternativa 4 (Repor o pote de vidro quebrado da cafeteira elétrica) era uma boa solução e consegui comprar uma peça de reposição apesar do grande esforço que este caminho demanda (o caminho de manter coisas existentes vivas e funcionando por um período além do que foram originalmente programadas).

Os fatores que me levaram a optar pelo ítem 4 e como estes fatores influenciam minha vida em todas as outras áreas é assunto longo e não tratarei disso agora.

segunda-feira, março 14, 2011

O fantasma do ônibus

Eu não sei se fui sempre antissocial em viagens de ônibus, talvez não. Mas desde pelo menos uns 13 anos para cá a tecnologia vem me ajudando a tornar o ambiente de dentro do coletivo mais agradável, mais suportável.

Quando entrei na faculdade as viagens de uma hora e meia entre São Carlos e Ribeirão Preto eram parte da minha vida estudantil, nunca tive dificuldade de dormir durante o percurso e não me recordo das conversas alheias e crianças barulhentas me afetarem tanto, eu era mais tolerante.

Mesmo assim, eu carregava comigo um walkman ruim da sony, comprado na lojinha de muambas ao lado do bandeijão onde eu almoçava (eu também era mais tolerante no que diz respeito a comida ruim) eu tinha fitas com musicas que gravei de CDs alugados ou emprestados. A música naquela época era mais uma distração apenas.

Depois da fita veio o discman, e depois do discman o discman de mp3. Como consumiam pilha! Era um par de alcalinas por viagem…

Com meu primeiro iPod, um tijolinho branco com HD e rodinha de plástico, destes que vc consegue machucar uma pessoa se usar como arma (1a geraçao) a coisa mudou, eu agora conseguia horas de bateria e tinha uma coleção de músicas sem fim. Fiz viagens longas e (acho que) aprimorei meu gosto, a música deixou de ser uma distração apenas, passou a ser uma fuga, um remédio, uma necessidade. Eu agora usava o volume alto do fone branco para encobrir os papos e besteiras que rolavam no ambiente, me tornei mais elitista. Muito tempo depois, já nos EUA, aposentei o brancão velho e cansado por um touch (tb 1a geração) que é até hoje meu aparelho de música portátil.

Pois bem, longa e inútil introdução para o ponto onde eu queria chegar, a observação que dá título a este post.

O meu comportamento hoje em dia dentro de um ônibus ou de um avião, a minha postura e modelo de encarar a viagem é totalmente isolacionista. Eu tenho um abafador de ruídos destes de operário de fábrica e uma tablet com livros e artigos que salvei para ler offline, tenho um laptop com 3g para se eu eventualmente precisar trabalhar e claro, um walkman para colocar sob o abafador de ruidos caso uma camada de proteção não seja suficiente.

Eu sou um menino da bolha sem bolha, sou um autista por opção, eu sei que dificilmente as pessoas ao meu redor naquele ambiente serão mais interessantes do que o que quer que eu tenha selecionado para absorver de informação durante a viagem. Para todos os efeitos, eu não estou dentro do mesmo ônibus, sou um fantasma. O fantasma do ônibus, a poltrona vaga que ninguém senta, se direcionar ao corpo que ocupa aquele lugar para uma conversa não é apenas inútil, é intimidador, vc estará mechendo com a assombração, interrompendo o transe da múmia, maldição cairás sobre ti, se o indivíduo fez questão de botar um grande par de conchas laranjas no ouvido é pq ele quer privacidade, ele decidiu dar opt-out na realidade local por algum tempo, é melhor ignorar.

É claro que eu não sou o único, tocadores de mp3 são ubiquos, o sudoku, a paciência e o facebook estão nos celulares para as pessoas jogarem durante a viagem, um possível cenário é o padrão “fantasma de onibus” se popularizar ao ponto de tornar o ônibus todo fantasma. Matrix.

Eu não acharia ruim, pelo contrário :)

Ha 15 anos os tempos eram outros, as pessoas eram quase que obrigadas a serem cordiais dentro de um ônibus ou avião, conversar com o passageiro da poltrona ao lado era o que você podia fazer para o tempo passar. Fingir que dorme ou abrir um livro eram alternativas, sim, mas todos estavam abertos para interação até que se provasse o contrário. A recomendação: “não fale com estranhos” podia ser quebrada pois era senso comum que todos ali estavam igualmente entediados. Evoluímos.

Viajar numa estrada brasileira com brasileiros ao seu redor hoje nao significa que vc precise estar necessariamente no Brasil, você não precisa se render ao funk carioca e ao brasil perifa-moleque de Regina Cazé, você não precisa saber quem matou Odethe Roitman ou o último eliminado do BBB, críquete pode ser seu esporte favorito, você tem escolha!!!